sexta-feira, 3 de junho de 2011

O tom que eu não encontrei

Procurando tons na vida
Os mais raros encontrei
Mas minha alma enternecida
Busca um tom que não achei.



Encontrei no cor-de-rosa,
Tom do belo alvorecer,
A balada maviosa
Da alegria de viver.



A cor verde da esperança,
E o azul puro do ideal.
O tom lilás da lembrança,
De um amor em seu final.



O branco achei na verdade,
Tão alvo como o luar.
E a cor vã da falsidade
Que é parda para enganar.



Senti a inveja amarela,
Desbotada e sem calor.
E em tons de suave aquarela
A profundeza do amor.



Encontrei a cor do ciúme,
Do ódio e da ingratidão.
E o dourado forte lume
Que ilumina uma paixão.


Achei na roxa saudade,
Cor do triste entardecer,
A doçura e a suavidade
De um eterno reviver.



Mas entre as diversas cores,
Uma só não encontrei.
Nem entre os mil tons de flores,
Nem nas nuvens que eu fitei.


E sentindo a alma dorida
Ansiosa ante os olhos teus,
Antevendo a despedida
Triste busco a cor do adeus.



Procuro por um tom frio
Uma cor morta e gelada.
Em vão. Encontro o vazio
E a transparência do nada!